É pois natural que alguns autores viessem a considerar mais tarde que o grande vinho medieval português, amplamente exportado para o Norte da Europa e denominado «vinho de Azoy», estivesse relacionado com a povoação de Azoia, a cinco quilómetros de Leiria. Testemunho da qualidade do vinho da região na alta Idade Média é a pequena frase de Gil Vicente no «Pranto de Maria Parda», que no seu testamento irreverente carregado de maledicência poucas coisas venera para além do vinho de Leiria: «e nas termas de Leirêa dêem-lhe pão, vinho e candêa». É o «estremado vinho de Leiria» que destaca igualmente Duarte Nunes de Leão na «Descrição do Reino de Portugal» em 1610 e mais tarde, Gorani, em 1768 achou por bem informar que em Leiria « … há vinhas donde se extrai um vinho finíssimo». Leiria é uma cidade infeliz nos princípios do séc. XIX. Arruinada pelas invasões francesas, com um número decrescente de habitantes, a sua decadência vai provocar o abandono dos campos e a ruína dos vinhedos. A Guerra Civil, que durante a primeira metade do século foi uma presença constante, logo seguida pela devastadora ceifa que o Oídio provocou nas cepas que restavam, levou à quase desaparição de uma cultura que tão profundamente marcara a economia e a sensibilidade locais. Segundo informações coevas, temporais auxiliaram essa destruição, e em 1858 surge o lamento expresso no jornal “O Leiriense”: “Desde que as vinhas do concelho deixaram de produzir o vinho para consumo do mesmo, quase todo é importado”. Apesar dos esforços desenvolvidos nos fins do século, a invasão do Míldio e da Filoxera trouxe a devastação total das velhas videiras deixando estigmas que perduraram até hoje company website. O principal está na substituição de uma produção de qualidade por uma outra baseada na quantidade deixando como lenda vaga a memória do bom vinho que outrora corria dos campos e alimentava as adegas. Alguns agricultores e comerciantes tentaram porém resistir à experiência trágica que assistia à região, e desde 1870 que desenvolveram um esforço de informação que levou a certos resurgimentos locais english college. O desastre da filoxera não destruiu completamente esses esforços e nos fins do século XIX existiam em Leiria estruturas baseadas em práticas familiares que conseguem subsistir. Texto de J. Estrela, 1978 É o caso, entre outros, da família Marques da Cruz que se dedica à produção e comercialização de vinhos desde então, numa sucessão de gerações. Nos meados do século XX o negócio teve grande desenvolvimento com a exportação de vinhos para todo o Mundo, e a essa época pertencem alguns dos rótulos mais curiosos da história da família.
Hoje, o local de produção é a Quinta da Serradinha, com cerca de 5 hectares de vinhas plantadas, algumas desde 1957.